Inovação na Saúde - Artigo publicado no Jornal Diário da Região
Inovação na Saúde é tema de artigo escrito pela Presidente da Braile Biomédica, Patricia Braile, publicado no Jornal Diário da Região em 12 de novembro de 2021.
Link para a publicação no site do Jornal, clique aqui.
Confira na íntegra:
Inovação na Saúde
* Por Patrícia Braile
Falar em pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) e saúde no Brasil é tema desafiador! Diria que pode ser exaustivo e que pode nos desanimar por não vermos saída, por não vermos vontade e tampouco foco. Nosso país, infelizmente ainda está em processo de compreensão desse tema e de sua importância para a construção de uma Nação.
Se buscarmos compreender a natureza do desenvolvimento dos países, veremos que ela está intrinsecamente ligada ao quanto este país valorizou e investiu em PD&I.
A mentalidade que ainda resiste em nosso país traz resquícios do “Brasil Colonial” e macula profundamente a autoestima dos brasileiros. Ainda reside em nós a falácia de que somos menos capazes do que outros povos e o que desenvolvem e produzem lá fora é melhor do que o que desenvolvemos e produzimos aqui. A confiança em nós mesmos precisa ser incentivada, valorizada e colocada em prática.
No centro do problema, podemos encontrar várias razões, mas escolhemos aqui dizer que encontra-se na inexistência de um plano estratégico para PD&I na área da saúde, por parte do Estado Brasileiro. Não estamos falando de Governos. Governos são passageiros, entram e saem o tempo todo. Estamos falando de Estado e de Estratégia de Estado.
A pandemia da Covid 19 escancarou: Somos um país dependente de outros na área da saúde. E qual foi a lição que aprendemos? Um país consciente do que é relevante para sua independência investe e incentiva a inovação e a indústria de alta tecnologia é estratégica. Uma Nação não pode ser totalmente dependente da “boa vontade” dos demais países, uma Nação precisa investir em si própria e em suas próprias competências e capacidades.
No Brasil, ressalvadas algumas “ilhas de excelência”, inovar é muito difícil e solitário. É quase uma aventura medieval. São anos e anos de luta e pilhas e pilhas de papéis e arquivos que vão e vem num processo quase sem fim.
A última Pesquisa de Inovação do IBGE mostrou que as empresas brasileiras investem somente 1,95% da receita de vendas em PD&I (PINTEC 2017). Também foi registrado que apenas 26% das empresas inovadoras se beneficiam com algum tipo de apoio à inovação. Apesar dos números desanimadores e dos problemas e obstáculos, não podemos negar que atualmente existem sim excelentes programas e iniciativas inteligentes e eficazes em prol do desenvolvimento da inovação.
A EMBRAPII (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial) é um exemplo de modelo de parceria que dá certo e que precisa se multiplicar e multifacetar. Temos ainda a Lei 11.196/05 (“Lei do Bem”) que possibilita a concessão de benefícios fiscais às empresas que realizam PD&I.
A união e parceria tecnológica, pessoal e financeira entre o Estado, Institutos Tecnológicos e Empresas é um formato que dá certo. É importante entender que sozinho não se vai muito longe. É repartindo que se multiplica, é na união de esforços que a genialidade brilha.
Vamos então continuar trabalhando incansavelmente para que as mentes de todos os envolvidos estejam abertas e prontas para quebrar as barreiras e os grilhões que nos prendem às burocracias e modelos ultrapassados e fechados. A construção de um Plano Estratégico de PD&I para nosso País é o ponto central para que ele possa abrir-se em oportunidades e progresso e, assim, encontrar a nossa forma de investir no que há de mais inteligente em cada um de nós!
“Para ser grande, sê inteiro: nada Teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és No mínimo que fazes. Assim em cada lago a lua toda Brilha, porque alta vive.” Fernando Pessoa.